top of page
Buscar
Foto do escritorRoberta Soares

Um ousado plano para a bicicleta no Recife

A experiência mundial já mostrou que o pós-pandemia será uma fase extremamente individualista para a mobilidade urbana. Ainda mais do que já o era, com a soberania do automóvel. A fuga para o transporte individual é certa. Por isso, o mundo tem o desafio de desestimular a volta em massa para o carro, sob pena de sufocar as cidades. Pensando assim, muitos países - especialmente na Europa, mas também os EUA - começaram a efetivar planos de valorização do transporte ativo - o pedalar e o caminhar.


E o Recife poderia ser uma dessas cidades. Poderia, ao custo máximo de R$ 4 milhões, implantar rapidamente e sem muitas dificuldades quase 90 km de estrutura cicloviária na cidade, não só em vias calmas, mas nas grandes avenidas. E poderia, como consequência, beneficiar 600 mil pessoas diretamente - o equivalente a 39% da população recifense. Além de fortalecer a imagem de gestão sustentável tão importante no próximo “novo normal”.


Essas metas fazem parte da plano emergencial para implantação de estrutura cicloviária no Recife, uma ousada proposta da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) para que a prefeitura eleja, na prática e gastando pouco, a bicicleta na cidade. A proposta é dividida em quatro fases. A primeira e mais urgente é a consolidação das rotas móveis criadas aos domingos e feriados nacionais. Seria o start do processo e iria acostumando a cidade à presença da bicicleta além do lazer. Essa consolidação de duas das três rotas móveis totalizaria 14 km de estruturas.


“Isso seria para ontem. O mais urgente.E já teria um impacto muito positivo na população. Sem falar que é relativamente fácil porque a sinalização das rotas já existe nas vias. Muitos motoristas já as respeitam. Precisamos dar opção de deslocamento para a sociedade, que não quer utilizar o transporte público por medo de contaminação, mas também não quer depender do automóvel”, defende Vanessa Santana, da coordenação da Ameciclo.


A consolidação dos eixos das Ciclofaixas de Turismo e Lazer exigiria apenas a conexão das rotas por algumas novas vias, regulamentação e de segregação mais acentuada para impedir a invasão por veículos motorizados. E representaria um investimento de, no máximo, R$ 686 mil.


A bicicleta é saudável, é rápida, é barata e, no pós-pandemia, é uma opção para a sociedade não voltar para o automóvel. As duas pesquisas O Perfil do Ciclista (2015 e 2018) apontaram que aproximadamente 50% das pessoas ouvidas pedalariam mais se houvesse infraestrutura que oferecesse segurança no trânsito. É isso que precisamos. Principalmente agora no pós-pandemia”, diz Vanessa Santana, da Ameciclo.

ESTRUTURA NOS CORREDORES

A proposta da Ameciclo vai mais além. Os ciclistas sugerem - no que definem de fase dois e três - a criação de infraestrutura em corredores estruturais do Recife, abrindo caminho, de vez, para a presença da bicicleta como veículo de transporte na capital. E, não mais, como uma opção para circular em vias onde o tráfego é relativamente calmo.


Seriam quase 50 km implantados em dez importantes avenidas da cidade que concentram um alto índice de atropelamentos e colisões. É o caso da Avenida Agamenon Magalhães, Avenida Norte, Avenida Mascarenhas de Moraes e a Avenida Caxangá. Essas seriam os quatro primeiros corredores. Além delas, as Avenidas Recife, Beberibe, Abdias de Carvalho, Dois Rios, Visconde de Albuquerque e Estrada Velha de Água Fria. Essa etapa poderia ser implantada por menos de R$ 2,5 milhões. Isso seguindo os cálculos da Ameciclo e usando como parâmetro o valor de R$ 29 mil o quilômetro de ciclovia.


“A bicicleta é saudável, é rápida, é barata e, no pós-pandemia, é uma opção para a sociedade não voltar para o automóvel. As duas pesquisas O Perfil do Ciclista (2015 e 2018) apontaram que aproximadamente 50% das pessoas ouvidas pedalariam mais se houvesse infraestrutura que oferecesse segurança no trânsito. É isso que precisamos. Principalmente agora no pós-pandemia”, reforça Vanessa Santana.


A Ameciclo tem consciência de que a segunda etapa é a mais importante e também a mais difícil por exigir a intervenção da gestão municipal em corredores viários estruturadores da cidade. Concentra quatro das cinco vias mais violentas do trânsito recifense.



Foto: Pixabay


“Juntas, as avenidas Agamenon Magalhães, Norte, Mascarenhas de Moraes e Caxangá somam 7.023 colisões e atropelamentos em cinco anos, ou seja, quase quatro por dia. Isso já justificaria a implantação de estruturas para garantir a segurança de toda a população. Além disso, são eixos principais da cidade, conectadas com grandes bolsões populacionais e grandes áreas de emprego e demanda de transporte público. São 30 faixas de rolamento, nenhuma ciclovia para proteger os ciclistas e somente seis faixas exclusivas para o transporte coletivo (contabilizando as duas faixas da Agamenon Magalhães)”, destaca Vanessa Santana.


A quarta fase definida pela Ameciclo seria a etapa de consolidação da rede macro, que totalizaria 25 km e incluiria vias que sempre foram desafiadoras para quem pedala no Recife, como é o caso do Viaduto Capitão Temudo (Complexo Joana Bezerra), principal conexão da Zona Norte com a Zona Sul da capital e palco de mortes de ciclistas pela insegurança para pedalar. Essa etapa, na visão dos ciclistas, permitiria conectar as diversas zonas da cidade e permitir o acesso de áreas mais periféricas do Recife ao Centro, como é o caso das Avenidas Vinte e Um de Abril, José Rufino e São Miguel.


O plano elaborado pela Ameciclo ainda será encaminhado à Prefeitura do Recife.

VEJA A PROPOSTA DA AMECICLO NA ÍNTEGRA https://docs.google.com/document/d/1xmXpbLsOF2go20M1Jrzv22Vib_GMs6N5ycRr_9TYQ0Y/edit#heading=h.17xvr1gd4cz




3 visualizações0 comentário

Comments

Couldn’t Load Comments
It looks like there was a technical problem. Try reconnecting or refreshing the page.
Post: Blog2_Post
bottom of page